Depois daquela viagem

13 maio 2009




A autobiografia de Valéria Piassa Polizzi, Depois daquela viagem, é contada numa linguagem simples e descontraída, o que atrai os jovens leitores. Nela, a autora relata como contraiu o vírus HIV e como leva a vida apesar disso, desmistificando muitas questões a respeito desse tema.


A primeira coisa que nos chama atenção é que ela se contaminou ao ter a primeira relação sexual da sua vida, com um namorado. Os dois eram de classe média, tinham boa aparência e família, enfim, nada havia que pudesse levantar suspeitas sobre o seu estado de saúde. Acontece que o namorado de Valéria era usuário de drogas e contraíra o vírus da Aids com seringas contaminadas (coisa que ela nem imaginava, claro). E ela, aos 16 anos, acabou transando com ele sem camisinha!


Aos 18 anos, Valéria descobre que era portadora do vírus HIV e, após o susto e a crise inicial, ela faz de tudo para continuar levando a vida como sempre quisera, concentrada em viver, com coragem para mostrar ao mundo de que ela é uma pessoa, acima de qualquer condição.


Enfim, Depois daquela viagem é um livro que nos faz refletir não só sobre questões relacionadas à Aids, mas, também, sobre o preconceito de uma modo geral. Por isso − e porque meus alunos do nono ano adoraram a leitura desse livro − é que resolvi indicar essa autobiografia para vocês.


Termino aqui com o finalzinho dessa história:

"Quanto ao preconceito, às vezes ainda me sinto como Edward mãos de tesoura, preso em seu castelo, fazendo obras de arte porque não há outro jeito com o qual possa tocar as pessoas. Lembra-se desse filme? Mas quem sabe um dia todos nós aprenderemos e a cada vez que conhecermos alguém, seja ela ou ele, branco, preto, amarelo, vermelho, gordo, magro, feio, bonito, judeu, muçulmano, homossexual, alto, careca, gago, adotado, anão, com AIDS, sem AIDS, rico, pobre, cabeludo, fanho, cego, corcunda, excepcional, vesgo, inteligente, olhos puxados, hemofílico, bicho-grilo, miserável, graduado, travesti, místico, sem-terra, mexicano, americano, empregado, patrão, prostituta, enfermeira, médico, padre, novo, velho, ateu, tatuado, com tuberculose, com hanseníase, com mão de tesoura, sem braços, surdo, paraplégico, mudo, ignorante... nos lembraremos de que, antes de tudo isso, é apenas uma pessoa.

E melhor ainda será se, depois de tudo isso, ainda pudermos ser amigos. "

Boa leitura!








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